Seminário discute diversidade e educação em Ilhéus
Professores da rede municipal participaram do Seminário de Diversidade e Educação, realizado pela Prefeitura de Ilhéus, por meio da Secretaria de Educação (Seduc), na segunda-feira (19), no auditório da Faculdade de Ilhéus, zona sul da cidade. Presentes também representantes de algumas etnias, povos tradicionais e professores das Universidades Federal do Sul da Bahia (UFSB) e Estadual de Santa Cruz (Uesc), aglutinados em torno do tema “Diálogos Interseccionais”.
Além dos debates, a iniciativa proporcionou comemorações pelo Dia da Consciência Negra, festejado em 20 de novembro. Os participantes assistiram às apresentações de manifestações culturais, e participaram de rodas de conversas e minicursos com professores das instituições de ensino superior da região. “É uma oportunidade ímpar para discutirmos as questões das minorias em nossa cidade” disse a diretora da Divisão Técnico Pedagógica da Seduc, Luciane Cunha da Costa.
A coordenadora de Diversidade e Inclusão da Seduc, Mariângela Bahia, enfatizou que o evento faz parte do calendário e do plano de ação da secretaria. “Acreditamos que é um evento inovador na cidade e no momento atual que vivemos temos que estar a todo momento lutando, militando, resistindo e dando importância aos povos tradicionais, fazendo valer a questão da legalização das leis 10.639 – que é para trabalhar durante todo o currículo a história da África e dos afro descendentes, bem como a lei 10.645 que contempla a educação indígena, desde 2003”, disse ela.
Mariângela ressaltou também que é uma forma de dinamizar o processo que já vem sendo feito nas escolas, na formação de todos os profissionais de educação. “Desde o porteiro até o diretor, todos estão envolvidos, porquê entendemos que todos são educadores do espaço escolar. Os indígenas de Acuípe de Baixo foram convidados tanto para a apresentação, tivemos a participação de Mestre Ney, militante do movimento negro, representante do grupo Dilazenze Ilhéus, que faz um trabalho no município há muito tempo”.
Diálogo e inclusão - Para Marcinéia de Almeida Santos, representante indígena e professora, o município de Ilhéus está de parabéns por estar permitindo esse diálogo com os indígenas, outros povos e outras minorias. “Nós vivemos momentos tensos, no qual os povos minoritários são os principais alvos dessa política, e estar nesse diálogo é muito importante, porque estamos falando de nós e de nossos espaços. Assim, temos a possibilidade de mudar a nós mesmos e a realidade que vivemos. Então, para nós, Tupinambás de Olivença, essa mudança, esse diálogo, essa possibilidade de falar e de contribuir para o atual momento é muito importante”.
Atualmente, Marcinéia está na gestão da escola indígena, onde funciona cinco colégios Tupinambás e é gestora da escola Tupinambá de Acuípe de Baixo, que fica próxima à divisa com o município de Una. “Vamos instigar os professores a conhecer mais, saber o que é um quilombo, um assentamento e desmistificar esse preconceito que faz parte da nossa sociedade. As questões da discriminação, racismo e intolerância, com o objetivo de que tudo parte do princípio da educação. Precisamos intensificar isso nas escolas, e sabemos que só faremos isso a partir de formação com os professores, o que já começamos no município desde 2017, quando foi implementada essa coordenação de Diversidade e Inclusão”, concluiu.